Rhipicephalus (Boophilus) microplus: o carrapato do boi
Conhecidos por todos os cantos e temidos por muitos, os carrapatos atingem diversas espécies animais. Mas você sabia que assim como os animais este parasita possui espécies diferentes, estas que muitas vezes parasitam hospedeiros específicos.
Trocando em miúdos...o carrapato do boi é diferente do carrapato do cão, que é diferente do carrapato do cavalo e, por sua vez, todas as espécies listadas podem ser acometidas pelo carrapato das capivaras (o tal do carrapato estrela, sabe?). Nesse meio de diversas espécies e predileções desse parasita chatinho encontramos o Rhipicephalus (Boophilus) microplus, popularmente conhecido como carrapato do boi; sim, aquele bicho feio e grande que trás muitos prejuízos à pecuária.
Classificação científica
● Reino: Animalia
● Filo: Arthropoda
● Subfilo: Chelicerata
● Classe: Arachnida
● Ordem: Acarina
● Família: Ixodidae
● Gênero: Boophilus
● Espécie: Rhipicephalus (Boophilus) microplus
Características morfológicas
● Escudo sem ornamentação
● Peritrema em forma de círculo
● Macho com quatros placas adanais bem desenvolvidas
● Apêndice caudal presente
● Festões ausentes
● Olhos presentes
● Sulco anal ausente
● Coxa I com dois espinhos curtos em ambos os sexos
Características fisiológicas
● Animal hematófago
● Originário da Ásia, mas com grande incidência também na Austrália, América e África
● Após o ingurgitamento a fêmea pode aumentar até 100 vezes o seu próprio peso
● Um carrapato suga em média 2 a 3mL de sangue de seu hospedeiro
● Uma fêmea pode chegar a ovipor 23.000 ovos durante sua vida
Transmissão de patógenos
● Babesia bovis e Babesia bigemina, responsáveis pela babesiose em bovinos
● Anaplasma marginale, responsável pela anaplasmose em bovinos
● Juntos, babesiose e anaplasmose são conhecidos como Tristeza Parasitária Bovina (TPB)
Prevenção e controle
● Complicados no Brasil, devido a ineficácia e mal uso dos produtos destinados ao combate desses parasitas
● O uso de carrapaticidas químicos pode provocar ainda danos ambientais e resíduos na carne e no leite dos animais de produção
● Bovinos zebuínos possuem maior resistência á parasitas
● O controle ambiental é uma das melhores e mais baratas práticas
● A Melinis minutiflora, também conhecida como capim gordura, apresenta bons índices de controle da praga
Ciclo de vida do parasita
Há a existência de duas fases: a fase parasitária e a fase de vida livre
Na fase parasitária a larva infectante, presente no ambiente, contamina o animal. No animal irá se tornar metalarva e após isto ninfa. Tornando-se posteriormente metaninfa, ocorre então a diferenciação em neandro (que dará origem ao macho) e neógina (que dará origem a fêmea). O neandro posteriormente se tornará Gonandro, enquanto a neógina posteriomente se tornará partenógina. Após o acasalamento as patenóginas recebem o nome de teleóginas, e deixam o hospedeiro a fim de ovipor no ambiente.
É iniciada então a fase de vida livre.
A teleógina realiza a postura de seus ovos no ambiente, estes que devido as condições climáticas irão eclodir e dar origem as larvas infectantes, que estarão prontas para infectar um novo animal.
● Aos 22 dias a maioria das fêmeas caem ao solo
● Os machos podem permanecer no hospedeiro por até 38 dias, fecundando diversas fêmeas
● As condições ideias para a postura giram em torno de uma temperatura de 26-28ºC e umidade em ~80%, a postura normalmente se inicia três dias após a queda da teleógina
● A teleógina vem à morte após o fim da oviposição
● A eclosão dos ovos normalmente se inicia quatro semanas após o início da postura
● As larvas levam, em média, um período de uma semana até estarem aptas para parasitar um hospedeiro
Observações valiosas
● A grande maioria dos parasitas não se encontra no animal, e sim no ambiente. Por isto é muito importante realizar o controle ambiental
● A quarenta deve ser realizada antes da introdução de novos animais no rebanho
● Estudos mostram que a utilização de rebanhos refúgio apresentam bons índices no controle do carrapato do boi
● No geral, o Rhipicephalus (Boophilus) microplus não parasita outras espécies, sendo exclusivo dos bovinos
● Quando utilizados carrapaticidas químicos, deve-se sempre respeitar o período de carência ao abate
● O R.microplus é considerado o carrapato de maior impacto em perda econômica nos rebanhos da América do Sul
● Há estudos que comprovam a diminuição da produção de leite nos animais acometidos pelo parasita
● Segundo a EMBRAPA os prejuízos causados por este carrapato na pecuária brasileira superam um bilhão de dólares anualmente
● Tanto a bovinocultura de corte, quanto a bovinocultura de leite são muito atingidas pelo parasita
● A rotação de pastejo é uma das formas mais utilizadas para o controle ambiental no Brasil, mas deve ser incrementada com outras táticas biológicas para melhor eficácia
Referências
EMBRAPA. Carrapato-de-boi: prejuízos e controle. Gado de Corte Divulga, Campo Grande, MS, p. 42, 18 jul. 2019. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/139261/1/Gado-de-Corte-Divulga-42.pdf. Acesso em: 18 jul. 2019.
HTTP://WWW.UENF.BR/UENF/DOWNLOADS/PGBB_6650_1241547141.PDF. [S. l.], 2017. Disponível em: http://www.uenf.br/Uenf/Downloads/PGBB_6650_1241547141.pdf. Acesso em: 18 jul. 2019.
MONTEIRO, Silvia Gonzalez. Parasitologia na Medicina Veterinária. [S. l.]: Roca, 2017.