Cinomose: O que é?

julho 17, 2019 Thayene Rani 0 Comments


Doença altamente contagiosa provocada pelo vírus CDV (Canine Distemper Vírus), conhecido no Brasil como Vírus da Cinomose Canina (VCC). Da família Paramyxoviridae, atinge animais da família CanidaeMustelidaeMephitidae e Procyonidae degenerando os envoltórios lipídicos que envolvem os axônios dos neurônios, conhecidos como bainha de mielina. Afeta a todos os cães sendo os mais jovens geralmente os mais acometidos, geralmente ocorre associada à outras patologias
Mas afinal, o que raios é essa doença e porque ela é conhecida como "o terror da clínica de pequenos animais?"
A cinomose, provocada pela vírus CDV nada mais é do que uma patologia de caráter neurológico, atingindo, portanto, o sistema neurológico do animal acometido. A bainha de mielina é responsável pela proteção dos axônios e também a aceleração da velocidade do impulso nervoso, logo, quando atingida a mesma pode ser comprometida ou sofrer o que nós conhecemos como desmielinização (o que nada mais é do que a destruição da bainha) seu comprometimento será um dos principais pontos para a determinação do comprometimento do sistema nervoso do animal.
E é então que os sintomas começam a surgir.


Sintomas

Estes que virão a variar de acordo com a idade do animal, os diferentes tipos de cepas do sorotipo CDV, o sistema imunológico do animal e outros fatores.O que abre ao clínico um verdadeiro leque de opções de sintomatológicas que acabam atrapalhando o diagnóstico e muitas vezes colocando a cinomose como possibilidade em diversos casos clínicos diferentes (por isso, não se assuste quando ver "cinomose" na aba de suspeitas do seu animalzinho que está apenas vomitando e triste, pode ser apenas uma suspeita mesmo).
Mas, mesmo assim, ainda podemos listar alguns sintomas conhecidos como os mais característicos da patologia.


● Hiperqueratose dos coxins ("almofadinhas" dos cãezinhos)
● Febre
● Hipoplasia do esmalte dentário
● Paralisia
● Paresia
● Contrações musculares involuntárias
● Incoordenação
● Quedas
● Convulsões
● Rigidez muscular
● Vocalização
● Prostração
● Cegueira aparente
● Secreção ocular


Diagnóstico

Para o diagnóstico clínico-laboratorial é necessário a realização de um exame conhecido como Teste Rápido para Cinomose, ou CDV Ag. Nele o Médico Veterinário irá coletar a secreção ocular ou a amostra de sangue do animal para a realização do exame e em poucos minutos será possível a confirmação ou descarte da doença.
Positivo? Então é hora do tratamento.


Tratamento

Durante o tratamento o animal será submetido a diversos medicamentos, responsáveis por controlar as lesões musculares geradas pela patologia e promover auxílio ao sistema imunológico do animal para que este "lute" contra o vírus. Como já dito antes muitas vezes a cinomose se apresenta associada à outras patologias, e então será necessário o tratamento das doenças concomitantes também; estas que podem ser várias, mas os casos mais comuns são associados a erliquiose, babesiose e parvovirose.
O clínico deve se lembrar também da possibilidade de infecções secundárias e promover a adição de imunomoduladores e vitaminas ao protocolo medicamentoso do paciente.
O tratamento é longo, e por muitas vezes um tanto custoso ao bolso do tutor. O torna a prevenção muito melhor do que o tratamento da patologia em si.
Outro agravante é o prognóstico: Reservado ou ruim. Indicando que a cinomose é instável e o tratamento pode vir a não ser tão satisfatório quanto deveria, as chances de óbito são altas, e os sobreviventes muitas vezes apresentam sequelas como:


● Contrações musculares involuntárias
● Paresia
● Paralisia
● Problemas visuais
● Problemas auditivos
● Problemas dentários
● Convulsões

A cinomose não possui cura parasitológica apenas cura clínica, infelizmente, o tratamento consiste em dar suporte ao organismo do animal para que este consiga controlar o vírus e minimizar seus danos. A cura ocorre apenas quanto as doenças concomitantes. Cães diagnosticados com cinomose devem ser mantidos isolados de cães saudáveis a fim de evitar a transmissão do vírus que ocorre com extrema facilidade, cães que apresentam cura clínica não possuem a capacidade de disseminar o vírus quando seu sistema imunológico se apresenta bem.
Os locais e objetos contaminados por cães portadores do vírus CDV devem ser desinfetados com desinfetantes próprios para tal.


Prevenção

A vacinação é a melhor forma de evitar que seu animal contraia o vírus da cinomose, de preferência vacinas chamadas "importadas"; variando em V8, V10 e V11.
Mas vale lembrar que a vacina, assim como todas as outras, não possui uma taxa de 100% de segurança e por isso mesmo que raros, há casos de cães vacinados com vacinas de excelente qualidade que contraíram a cinomose.
Abaixo algumas dicas para manter o seu melhor amigo longe dessa terrível doença.

● Vacine seu animal a partir dos 45 dias de vida, realizando 3 aplicações de V10 importada
● Realize o reforço da V10 anualmente
● Evite que seu cão tenha contato com animais doentes ou não vacinados
● A qualquer sinal de anormalidade, consulte um Médico Veterinário


Outras espécies acometidas

O vírus da cinomose não acomete apenas cães como também uma série de outras espécies que devem estar em dia com os cuidados veterinários contra essa doença. Vale lembrar que a cinomose não é transmitida para seres humanos e os animais selvagens não devem ser submetidos à caça, apenas mantenha seus animais longe do contato com os animais de vida livre.
Confira agora algumas espécies que também podem sofrer com a cinomose.
● Furão
● Doninha
● Lontra
● Marta
● Texugo-europeu
● Doninha de nuca branca
● Hiena
● Lobo-da-terra
● Crocuta
● Lince do deserto
● Cão selvagem asiático
● Foca
● Leão marinho


Referências

BORIN-CRIVELLENTI, Sofia; Z. CRIVELLENTI, Leandro. Casos de Rotina em Medicina Veterinária de Pequenos Animais. São Paulo: MedVet, 2012.

GREENE, Craig E. Doenças Infecciosas Em Cães e Gatos. [S. l.]: ROCA, 2015.

JERICÓ, Márcia Marques et alTratado de medicina interna de cães e gatos. [S. l.]: ROCA, 2014.

LITFALLA, Felipe et al. Cinomose e o processo de desmielinização. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, São Paulo, 2008. Disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/Zf2Nc2Y4x0z2ZtO_2013-6-14-14-40-31.pdf. Acesso em: 17 jul. 2019.

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